Com prioridade na gestão a ser iniciada em 2015, o governador eleito Rui Costa (PT) dá sinais de que, para manter a tranquilidade na relação com os partidos aliados, não vai entrar nas disputas que permeiam o cenário da política, como a eleição para o comando da União dos Municípios da Bahia (UPB).
Na briga pela cadeira, tem parceiros eleitorais que formam a base de sustentação do governo. Embora não tenha falado ainda publicamente sobre o assunto, nos últimos dias, Rui fez questão de mandar o aviso por interlocutores diretos, de que não vai influenciar na eleição dos prefeitos.
O assunto começa a ganhar corpo nos bastidores, já que os concorrentes do jogo eleitoral que será realizado em janeiro integram seu arco de aliança.
Entre os candidatos já declarados está a presidente atual da entidade, Maria Quitéria (PSB), que concorre à reeleição, o prefeito de Santo Amaro, Ricardo Machado (PT), a prefeita de Ibotirama, Terence Lessa também do PT, o prefeito de Bom Jesus da Lapa, Eures Ribeiro (PV), e o prefeito de Andaraí, Wilson Cardoso (PSB), que tenta novamente a busca pelo posto. Um deles será escolhido pela maioria dos 389 gestores municipais que contribuem com a instituição.
Quitéria deu apoio à eleição de Rui para o governo baiano, deixando de lado a presidente do seu partido, o PSB, a senadora Lídice da Mata, que concorreu para o Palácio de Ondina. O prefeito de Santo Amaro é visto como amigo de Rui, fato que não deve influenciar na disputa da UPB.
Eures também sempre foi ligado ao governo petista, aderindo ao projeto de Rui. Wilson, que esteve com Lídice, seria um dos que apoiaram a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) à presidência no segundo turno, voltando a manter o elo do PSB com o PT, pós-período eleitoral.
É nesse contexto que vem a tentativa de imparcialidade do novo chefe do Executivo baiano a ser empossado no dia 1º de janeiro.
“O governador considera a UPB uma entidade completamente independente. Quem deve se movimentar são os eleitores da UPB. Ele considera que todos são ótimos candidatos, mas a eleição não é foco do governo do estado. Ele não tem candidato”, disse à reportagem da Tribuna um interlocutor bem próximo à gestão e ao petista.
A própria presidente da UPB já falou sobre o desconforto que seria para o governador eleito. “Nós apoiamos Rui na eleição dele para o governo. Chega a ser desumano com ele”, disse, citando o conjunto de candidatos.
Quitéria afirma ter um grande número de apoiadores e espera com muita conversa que haja consenso em torno de sua candidatura, evitando o bate chapa. A dirigente se prepara para mais uma caravana itinerante do projeto Capacita Municípios, que dessa vez será realizado em Juazeiro, na sexta-feira (12).
Insatisfações - Nos partidos a questão ainda deve ser aprofundada. No PT, a falta de discussão sobre a candidatura de Ricardo Machado teria dado espaço para insatisfações.
Nos bastidores consta que o prefeito petista teria imposto o próprio nome, o que não seria bem visto pela Executiva Estadual. Com o desejo também da prefeita de Ibotirama, o clima se acirra, o que exigirá mais diálogo interno.
O PSB teria posição confortável, caso, apenas Quitéria se colocasse, porém com dois nomes, o partido deve refletir qual posicionamento a ser declarado nos próximos dias.
Consta que apesar de Quitéria ser do PSB, a ligação maior de Lídice é com Wilson, que esteve ao lado de sua candidatura no recente pleito estadual. Ele também foi o candidato da dirigente socialista na eleição da UPB de 2012, em que os dois prefeitos se enfrentaram e a diferença entre o primeiro e o segundo colocado foi de 36 votos.
O gestor de Andaraí torce para que o governador eleito “mantenha-se neutro”. “Estou em busca de apoios de todos para que tenhamos uma UPB suprapartidária. Construí muitos amigos, mas jamais gostaria de ter o voto por causa da amizade”.
Na Assembleia Legislativa
Se na UPB a neutralidade do governador eleitor Rui Costa abre espaço para uma forte disputa entre os aliados, na briga pela Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, o argumento de que vai deixar a escolha para os deputados teria fortalecido o atual presidente, deputado Marcelo Nilo (PDT).
Na corrida pela reeleição ao quinto mandato, o dirigente da Casa tem como concorrente o deputado Rosemberg Pinto, líder da bancada do PT. Ambos são parceiros do futuro gestor, o que o deixa sem condições de declarar apoio público.
A avaliação de bastidores é de que Rosemberg só tem chances caso Rui entre no jogo, mas como já sinalizou que não há essa disposição, Nilo tem seguido na confirmação de adesões ao seu projeto.
A questão é que Nilo, que viu seu plano de ser vice na chapa de governador na eleição ser descartado, espera agora ter do governo um caminho livre para articular a confirmação na cadeira. Tem visto isso acontecer quando o governador eleito diz que vai deixar sob a responsabilidade dos parlamentares a negociação e consequente escolha.
Mas, diferente da UPB, a eleição da Assembleia só ocorre em fevereiro e apesar de mais tempo para articulação, os concorrentes adiantaram o passo nas conversações.
Se por um lado Nilo contabiliza em clima de vitória o número de apoiadores, tendo mais recente anúncio a bancada de oposição e o PP que também integra a base aliada, o petista Rosemberg acredita que ainda há “águas para rolarem” e aposta numa conversa com todos até lá.
Fonte:Tribuna da Bahia
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